sábado, 24 de outubro de 2009

480 - Uma obra grandiosa

Depois do padre Stenmanns quem assumiu a paróquia de Bom Princípio foi o padre Júlio Hornung. Ele exerceu a função de 1906 a 1918 e foi o responsável por outro grande atrativo da igreja matriz: as magníficas pinturas internas, que foram iniciadas em 1907 e foram executadas pelo próprio padre Hornung, pelo irmão redentorista Schmalz e, principalmente, pelo famoso pintor Karl Ferdinand Schlatter.
A presença de Ferdinand Schlatter em Bom Princípio naquela época é um exemplo de como a população local mantinha contato com pessoas vindas do primeiro mundo, conversava com elas, trabalhavam em conjunto e, portanto, absorviam conhecimentos avançados e modernas tecnologias.
Ele nasceu em Lindau, na Alemanha, no dia 7 de junho de 1870 e freqüentou a escola profissional para pintores, conforme foi certificado pela Corporação dos Pintores e Envernizadores de Munique, em 1895. Viveu algum tempo em Sarajevo, na Bósnia e casou com Ana Bárbara Fuog, que era costureira, nascida em Herisau, na Suíça. O casal veio para o Brasil em 1898, fixando-se inicialmente em Ijuí. Mas pouco tempo depois eles já haviam se estabelecido em Porto Alegre, onde Ferdinand Schlatter alcançou grande prestígio pelo seu talento como pintor. Entre os diversos trabalhos por ele realizados na capital do estado figuram pinturas no prédio da Prefeitura, na Biblioteca Pública Estadual e na Igreja das Dores. No interior, trabalhou nas igrejas de Rio Pardo e Estrela, além da de Bom Princípio.
Além de cenas de caráter religioso encontram-se, na nave lateral direita, duas paisagens de Bom Princípio. Uma representando o centro da vila, com a casa comercial de Augusto Froener (que era grande benfeitor da igreja), a escola dos Irmãos Maristas e a própria igreja (ainda com a torre antiga). A outra é uma paisagem interiorana na qual aparece a casa de Pedro Scherer (o pai do Cardeal) que era o fabriqueiro (tesoureiro) na diretoria da paróquia e importante líder comunitário. Outro exemplo de pessoa imigrada da Alemanha que exerceu grande influência sobre a população de Bom Princípio.
A igreja conta ainda com trinta telas a óleo pintadas sobre linho que, segundo especialistas, devem ter sido obra do famoso pintor Aldo Locatelli. A maior parte dos móveis litúrgicos ainda existentes na igreja foram produzidos pelo mestre-carpinteiro Leopoldo Gegler, imigrante alemão vindo para Tupandi em 1923.
Foi também o padre Hornung que construiu o belo oratório existente ao lado da igreja, em 1908.
Em 1918 foi adquirido o relógio da torre, também importado da Alemanha.
Os padres que sucederam Júlio Hornung foram Guilherme Rausch (de 1918 a 1919) e José Blomecke (de 1919 a 1925). Este último foi o responsável por outra das glórias da igreja matriz: o magnífico órgão de tubos que foi importado da Alemanha em 1924. Da marca Rieger, o instrumento foi fabricado pela empresa Spreiter, da cidade de Rietberg, e custou 15 contos de réis. Para providenciar a sua instalação e afinação, a fábrica mandou a Bom Princípio o engenheiro Max Eifler.
Depois foram párocos em Bom Princípio Oscar Zoller (de 1925 a 1929), Stephan Herz (de 1929 a 1941) e Francisco Xavier Riederer (de 1941 a 1942) que foi o último dos padres jesuítas na paróquia.
Depois disto, por quase 40 anos (de 1942 a 1981), foi pároco de Bom Princípio o Monsenhor José Becker: um grande formador de vocações sacerdotais ao qual se deve o fato de tantos filhos de Bom Princípio haverem seguido a vocação religiosa.

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